JCNET - 19/12/13 05:00 - Tribuna do Leitor
Os Dois Franciscos
Houve um homem que se chamava Francisco. Era de Assis, cidade da
Itália. Desde jovem, após curtir certas vaidades inerentes à educação de
uma família rica, gostava de vestir-se bem, de montar aparatosos
cavalos. Mas, um dia, ao visitar a igreja de Porciúncula, uma luz
iluminou-lhe o coração e sentiu que precisava voltar-se inteiramente a
Deus.
Entregou-se mais à oração, sentiu que devia deixar suas
vaidades, e percebeu que as ilusões do mundo não podiam dar-lhe
felicidade. O pai não apreciou esta mudança. Desentenderam-se, o pai o
deserdou, e ele disse: “Doravante, contarei com o Pai que tenho no céu”.
Depôs as roupas ricas, desfez-se dos cavalos pomposos, vestiu-se de um
hábito grosseiro de frade, e caminhava de pés descalços, esmolando de
porta em porta o seu pão, embora fosse o filho de um rico comerciante de
Assis.
Este Francisco tanto amou a Cristo, que este, dizem, um
dia, desprendeu-se da cruz, para dar-lhe um abraço. Ele não sonhava ter
o nome projetado na história. Todos o chamavam Santo. Era São
Francisco, e não se julgava Santo!
Não foi Bispo, não foi
Cardeal, nem Papa. Nem Padre quis ser, ficou simples Diácono, para
servir aos irmãos. Despojado, escondeu-se numa gruta, para contemplar
somente a Deus. Amou tanto a Cristo Crucificado, que este lhe marcou as
mãos e os pés e o lado com os estigmas das benditas chagas e ele
assimilou-se a Cristo em sua dolorosa Paixão.
Grande este
Francisco! Dado à extrema pobreza deixou um rastro na história. Sua
influência marcou séculos. Atraiu gerações de jovens para se consagrarem
a Deus na Ordem Franciscana. Ele não foi pregar missões no Japão nem
noutras partes do mundo. Mas lembrou Cristo Crucificado ao mundo
inteiro. Não foi Francisco Xavier, foi somente Francisco de Assis. Não
pregou pela eloqüência da palavra, mas pela pobreza da vida.
Certo dia, no começo de sua conversão, rezando numa velha igreja, ouviu
esta ordem: “Francisco, reconstrói a minha Igreja”. Saiu, então, a
esmolar para construir a igreja de Porciúncula, onde fazia suas preces.
Mas não era isto que Deus queria.
“Francisco, reconstrói minha
Igreja!”, era uma ordem, porém muito mais um presságio: ele devia mudar a
face da Igreja em seu tempo, dando-lhe o esplendor da pobreza de
Cristo.
Parece-me que Deus quer uma nova face de simplicidade,
de humildade, de pobreza, seja o novo rosto da Igreja nos novos dias,
que começaram a partir da renúncia do Papa Bento XVI.
E por
isso o Espírito Santo conduziu ao trono pontifício um Papa que escolheu o
nome de Francisco, nome que nunca um Papa se lembra de escolher. E
precisamente um jesuíta, vez primeira na Igreja escolhido para este
múnus apostólico, foi que preferiu denominar-se Papa Francisco.
Não seria, segundo desígnio da Providência, uma nova era que desponta
na Igreja? Insondável escolha do Senhor desvenda para a grande família
de Deus o início de uma nova história.
Francisco, o novo Papa, o
único com este nome na extensa história de milênios, inicia – queira o
Bom Deus! – a nova fase histórica da Igreja pobre, simples, humilde e
santa. Dois Franciscos, ambos primeiros: o de Assis e o Papa Francisco
iguais no nome, iguais na missão de “reconstruir a Igreja do Senhor”.
“Francisco, reconstrói a minha Igreja!” – repete o Senhor ao Cardeal
Jorge Maria Bergoglio, eleito aos 76 anos, e que se chama agora
Francisco, e é o primeiro Francisco a assumir o Sumo Pontificado. Que o
Senhor lhe dê longa vida e o faça feliz em seu Pontificado!
Prof. Gino Crês
Assessoria de Comunicação - SCJ - Celia Lopes e Cristiane Massad
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