terça-feira, 22 de abril de 2014

ROSA MARIN EMED....

Hoje recebi um e mail de um amigo com o seguinte texto de Ruben Alves:
"Dez e meia da noite. Cruzamento da rua Benjamin Constant com Av Julio Mesquita. Duas crianças. Um menino e uma menina. Entre sete e oito anos de idade.Vendiam balas de goma com olhos tristes. Minha vontade era levá-los para minha casa, servir-lhes uma sopa, tomar conta deles. Não fiz nada disso. O sinal ficou verde e acelerei o carro. Mas as duas crianças dormiram comigo, acordaram comigo e ainda estão comigo. Mas não é proibido o trabalho às crianças? Como celebrar a Páscoa em meio à risos, bacalhoadas e ovos de chocolate quando há crianças assim?"
De todas as violências a mais cruel é contra as crianças. Fome e abandono são violências também....Muitas vezes como Ruben Alves, "levei" crianças abandonadas pra casa, dormi e fiz minhas refeições com elas...carregada de culpa com minha mesa farta e minha cama confortável...Como no clássico do espanhol do século XII, de Lope de Vega, em que o povo de um vilarejo mata um comendador tirano e quando o juiz pergunta quem o matou, todos respondem "fuenteovejuna" que significa; "todos nós como se fôssemos um só". Assim somos todos fuenteovejuna quando fechamos os olhos diante da miséria e da dor que vemos todos os dias nos noticiários e nas ruas. Somos fuenteovejuna quando elegemos mal nossos administradores e não cobramos deles a boa distribuição dos impostos que pagamos....Somos fuenteovejuna quando nos justificamos culpando alguém ou algo, até mesmo nossos administradores como fiz há pouco e acalmamos nossa culpa. Se é preciso mais e podemos fazer mais, porque não??!!!
Já falei da minha indignação diante de vítimas inocentes da barbárie de marginais; mas vítima da barbárie, do abandono do desrespeito de pai e madrasta esclarecidos, é estarrecedor...Eu fico incrédula, muda, sinto a dor da avó e as dores que Bernardo sentiu em vida. Ele pediu socorro aos órgãos competentes.... Uma criança de 11 anos, desesperada e só pediu socorro....Ninguém identificou o abandono, a dor e o desespero em seus olhos; seguiram a lei e as normas. Deram mais uma chance ao seu pai e tiraram de Bernardo a chance de viver. Se havia boa vontade, a ajuda esbarrou na lentidão. Bernardo também foi morto pela cegueira da burocracia e de legalismos inúteis.

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